No coração do Noroeste de Minas, em João Pinheiro, uma revolução silenciosa está acontecendo debaixo da terra. Onde antes o manejo da lavoura de cana-de-açúcar seguia o modelo convencional, hoje a Destilaria Veredas colhe os frutos de uma aposta ousada: a agricultura regenerativa. No último sábado, 27 de setembro, a empresa abriu suas porteiras para mostrar como está transformando o que seria “resto” da produção de etanol em um poderoso adubo orgânico, capaz de revitalizar o solo, sequestrar carbono da atmosfera e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade e o lucro.
O cenário do evento, que reuniu de estudantes de agronomia a prefeitos e produtores rurais, era um imenso pátio de compostagem. Ali, toneladas de torta de filtro e fuligem resíduos ricos em nutrientes que sobram do processo industrial são cuidadosamente misturadas e revolvidas. Após um período de “cura”, o material se transforma em um composto orgânico escuro e fértil, um verdadeiro “ouro negro” para o canavial.
“A agricultura regenerativa tem demonstrado uma solução extraordinária, tanto em termos de produtividade quanto em termos de custos de lavoura”, explica Ricardo Carvalho Nascimento (Ricardinho), diretor do Grupo Ferroeste, ao qual a Veredas pertence. “A gente está bastante convicto que investir na adubação orgânica e, claro, na agricultura regenerativa em todas as suas vertentes vão trazer resultados maravilhosos para o nosso canavial”, completa.
O sucesso do projeto é também um reflexo do investimento em capital humano. Com cerca de 400 funcionários, a usina se orgulha de ter um time formado majoritariamente por gente da terra. Ricardo Nascimento, fundador do Grupo Ferroeste, fala com emoção sobre a equipe. “Temos trabalhado muito e estamos conseguindo resultados que nos levam a acreditar que estamos no caminho certo… Nós temos hoje índices de produtividade que competem com qualquer região de Minas ou do Brasil”, conta, orgulhoso.
Mais do que economia, a prática representa um ciclo perfeito de sustentabilidade. “Hoje nós produzimos o combustível mais renovável do mundo. Não poderíamos deixar de trabalhar a produção de cana também no processo de sustentabilidade”, afirma Ademir Quintino da Rocha, superintendente da destilaria.
O objetivo do evento, segundo Tiago Broetto, Diretor Técnico da Libertas, empresa parceira, era exatamente compartilhar essa visão. “Esse evento tem vários objetivos, mas entre eles, mostrar que temos condições de manejar esses materiais de uma forma muito boa… e trazer aquela reflexão: será que o que a gente está fazendo na nossa propriedade é o melhor que nós podemos fazer?”, questiona Broetto.
O impacto vai além da porteira. A iniciativa ajuda a combater as mudanças climáticas. “É você pegar carbono que está na atmosfera, que é gás de efeito estufa, e botar ele de uma forma mais estável no solo”, detalha Augusto Silva.
Assim, a Destilaria Veredas prova que é possível unir o desenvolvimento econômico à responsabilidade ambiental. Ao transformar um desafio, o que fazer com os resíduos e subprodutos, em uma solução que enriquece o solo, gera empregos e inspira uma nova geração de profissionais do campo, a empresa não apenas cultiva cana-de-açúcar, mas semeia um futuro mais próspero e sustentável para toda a região Noroeste de Minas. É a inteligência do campo a serviço da terra, das pessoas e do planeta.