O casal pinheirense Renato, 38 anos, e Karina, 35, decidiram encarar uma jornada épica sobre duas rodas pela América do Sul, percorrendo mais de 15 mil quilômetros de ida e volta até o ‘fim do mundo’, na Baía de Lapataia, o ponto mais ao sul do planeta acessível por terra. Eles compartilharam suas experiências, desafios e conquistas desta aventura emocionante, mostrando que determinação e amor pela estrada podem levar a lugares incríveis.
Nascidos e criados em João Pinheiro, Renato e Karina são casados há 13 anos e se apaixonaram pelo motociclismo há sete anos. Desde então, vêm explorando o Brasil sobre duas rodas. Desta vez, porém, decidiram ir além, elevando o desafio e partindo rumo ao fim do mundo. Saíram de João Pinheiro no dia 12 de outubro e chegaram em Ushuaia no dia 19 de outubro. Após alguns dias o casal retornou e chegou em João Pinheiro no último domingo, 10 de novembro.
O casal atravessou o famoso Estreito de Magalhães, onde os oceanos Pacífico e Atlântico se encontram, até chegar ao arquipélago da Terra do Fogo, onde estão Ushuaia e a Baía de Lapataia. “Depois dali, só a Antártida”, relatou o casal, ressaltando a magnitude do feito e o sentimento de estar no limite do continente.
Além de ser um desafio enorme, a viagem levou Renato e Karina a alguns dos locais mais lindos do mundo, repletos de cenários históricos. Eles destacaram pontos icônicos como o Monte Fitz Roy, o Glaciar Perito Moreno – único local do planeta onde se pode ver um glaciar dessa magnitude fora dos polos Sul e Norte – e a belíssima Rota dos Sete Lagos, locais que representam a beleza selvagem e imponente da Patagônia. Cada um desses pontos era um marco de superação, que tornava a aventura ainda mais recompensadora.
O percurso, no entanto, não foi fácil. A região da Patagônia, entre Argentina e Chile, é conhecida pelos ventos intensos e frio extremo, e o casal teve de enfrentar essas condições adversas. Renato e Karina recordam que o maior desafio foi o trecho entre Gobernador Gregores e Bariloche, onde enfrentaram frio de 1ºC e ventos de até 85 km/h. “Foi um dia de muita luta e superação dos nossos limites”, lembrou Renato. “Alguns brasileiros que estavam na estrada não conseguiram passar pelos ventos e acabaram ficando presos”, acrescentou, mostrando que o caminho era realmente para os mais determinados.
A chegada ao último ponto acessível por via terrestre trouxe uma emoção indescritível para os dois. “Depois de todas as dificuldades da estrada, a distância, o clima, o cansaço, foi difícil conter a emoção”, compartilhou Karina. “Ficarão na memória os ventos de Gobernador Gregores, a chuva de granizo, o céu da Patagônia e as amizades que fizemos. Os argentinos nos receberam muito bem; eles têm um carinho especial pelos motociclistas”, destacou. Cada obstáculo superado se tornou parte da narrativa que tornava a conquista ainda mais valiosa.
Para que a jornada fosse possível, Renato e Karina precisaram se preparar minuciosamente. A Patagônia é uma das regiões mais desabitadas do mundo, e a aventura exigia planejamento cuidadoso. Traçaram rotas, mapearam pontos de abastecimento e levaram galões extras de gasolina, já que algumas distâncias entre postos ultrapassam 300 km. “Nos organizamos durante um ano para a viagem, cuidando de cada detalhe, como rotas, documentação e seguros”, explicou Renato. Além disso, eles também se prepararam fisicamente e financeiramente, levando em consideração os desafios climáticos e logísticos que enfrentariam.
Durante a viagem, enfrentaram não só ventos e frio, mas também a necessidade de improvisar. Eles lembram do perrengue causado pelo desgaste do pneu traseiro, que precisou ser trocado após quase 1.500 quilômetros rodados em velocidade reduzida até chegar ao Brasil, já que não havia pneu disponível na Argentina. Outra situação desafiadora foi quando um ciclone no Atlântico obrigou o casal a ficar três dias parados em um vilarejo no Chile, próximo ao Estreito de Magalhães, até que os ventos diminuíssem.
Esta, no entanto, não foi a primeira aventura internacional do casal. Em 2023, Renato e Karina foram até a Mão do Deserto, no Chile, atravessando o Paraguai e subindo os Andes a 4.800 metros de altitude. “Foi uma viagem fantástica”, relembrou o casal com entusiasmo. Essas experiências anteriores contribuíram para que tivessem a coragem e o preparo necessários para enfrentar a jornada até o fim do mundo.
Ao final, Renato e Karina deixaram uma mensagem inspiradora aos leitores do JP Agora: “O seu limite vai além do que você acha. Acredite em você e jamais desista de seus sonhos”. As palavras deles refletem não apenas o espírito dessa viagem, mas também a filosofia de vida que os motivou a superar cada desafio e ir além do que acreditavam ser possível.