Copasa culpa população por vazamento de esgoto que matou peixes em Brasilândia de Minas

Após mais de 10 dias de descaso, empresa alega que lixo na rede causou o problema, mas moradores e Defesa Civil apontam negligência e demora injustificável no reparo que levou a um desastre ambiental

Um vazamento em uma rede de esgoto da Copasa se transformou em um pesadelo ambiental e social em Brasilândia de Minas, e a resposta da companhia conseguiu gerar ainda mais indignação. Após mais de dez dias de esgoto jorrando sem parar, contaminando o córrego Canudos, matando centenas de peixes e abrindo uma cratera no meio da rua, a Copasa se manifestou e, em uma nota oficial, culpou a população pelo ocorrido.

O desastre começou em meados de setembro. Por dias, moradores relataram que o problema foi ignorado. Enquanto a ajuda não vinha, o esgoto percorreu um caminho de mais de 3 quilômetros, chegou ao Rio Paracatu e deixou um rastro de destruição. A cena no córrego Canudos, antes um curso de água limpa, chocou a cidade: a água ficou cinza, turva, e centenas de peixes apareceram boiando, sufocados pela lama tóxica. Para a moradora Camila Rafaely, o transtorno foi pessoal e direto: a rua em frente à sua casa cedeu, deixando-a ilhada. “Fiquei sem poder tirar o carro da garagem por quase duas semanas, tive que cancelar compromissos”, contou.

Apesar deste cenário caótico, a versão da Copasa tenta minimizar sua responsabilidade. Em nota, a empresa afirmou que o vazamento foi causado por uma “quantidade considerável de lixo sólido” descartada na tubulação pela população. A companhia classificou seu sistema como “novo e eficiente” e justificou a demora de mais de 10 dias para o reparo alegando que a manutenção foi de “extrema complexidade”.

Essa justificativa, no entanto, contrasta diretamente com a avaliação das autoridades locais. Após vistoriar o local, o coordenador da Defesa Civil, Geraldo Pablo, classificou a demora da Copasa como “injustificável”. “Não há justificativa para uma demora em resolver um caso tão grave como esse”, afirmou, anunciando que o caso será levado à Polícia Ambiental e ao Ministério Público por suspeita de crime ambiental e de risco à saúde pública.

A tentativa da Copasa de transferir a culpa para o cidadão, enquanto sua infraestrutura falhava por mais de uma semana, soa como um descaso adicional para quem sofreu com o mau cheiro, perdeu peixes e teve sua rotina virada de cabeça para baixo. Enquanto a empresa alega que “apura com rigor” a morte dos peixes, os moradores e a Defesa Civil já constataram o dano.

A questão que fica no ar não é apenas quem causou o entupimento, mas por que uma empresa responsável por um serviço tão essencial demorou tanto para agir, permitindo que um problema de manutenção se transformasse em um desastre de grandes proporções.

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