Esgoto da Copasa vaza por 11 dias, mata peixes e abre cratera em rua de Brasilândia de Minas

Moradores denunciam descaso da companhia, que teria demorado mais de uma semana para agir; córrego foi contaminado, peixes morreram e Defesa Civil alerta para risco à saúde

Um vazamento em uma rede de esgoto da Copasa se transformou em um desastre ambiental que é um pesadelo para moradores de Brasilândia de Minas. Por mais de dez dias, dejetos contaminados jorraram sem parar, poluindo o córrego Canudos, o último que ainda era limpo na área urbana, matando centenas de peixes e abrindo uma cratera no meio de uma rua.

O problema, que começou em meados de setembro, foi ignorado por dias, segundo os moradores. Enquanto a ajuda não vinha, o esgoto percorreu um caminho de mais de 3 quilômetros, chegou até o Rio Paracatu e deixou um rastro de destruição. A cena no córrego Canudos chocou quem passou por lá: a água, antes limpa, ficou cinza e turva, e centenas de peixes de espécies como piau e matrinchã apareceram boiando, sufocados pela lama tóxica.

O transtorno foi além do dano ambiental. Em frente à casa da moradora Camila Rafaely, a rua simplesmente cedeu, abrindo um buraco enorme que a deixou “presa” em sua própria residência. “Fiquei sem poder tirar o carro da garagem por quase duas semanas, tive que cancelar compromissos e até mudar meu local de trabalho, que era em casa”, contou. O mau cheiro se espalhou por vários quarteirões, causando mal-estar na vizinhança.

Após a denúncia chegar à Secretaria de Meio Ambiente e à Defesa Civil, a situação foi finalmente vistoriada. O coordenador da Defesa Civil, Geraldo Pablo, classificou a demora da Copasa como “injustificável” e anunciou medidas urgentes. “Vamos alertar a população para não consumir a água do córrego de jeito nenhum. Se for preciso, a prefeitura vai fornecer água com carro-pipa”, garantiu. O caso será levado à Polícia Ambiental e ao Ministério Público, pois há suspeita de crime ambiental e de risco à saúde pública.

O que diz a Copasa

Procurada, a Copasa enviou uma nota de esclarecimento sobre o caso. A companhia afirma que o vazamento na avenida Maria Raimunda Evangelista exigiu uma “manutenção de extrema complexidade” e atribuiu a causa do problema ao descarte incorreto de lixo pela população. “A obstrução foi causada pelo descarte de uma quantidade considerável de lixo sólido no interior da tubulação”, diz a nota.

A empresa alega que seu sistema de esgoto na cidade é “novo e eficiente” e que o uso incorreto causa a sobrecarga. Segundo a Copasa, a complexidade do reparo, que exigiu um equipamento especial, foi o motivo da demora, com a ocorrência sendo completamente resolvida na última terça-feira, 30 de setembro.

Sobre os danos ambientais, a companhia informou que está “apurando com rigor as causas da morte dos peixes” e que já realiza o monitoramento do córrego. Ao final, a nota faz um apelo para que os moradores não descartem lixo e resíduos sólidos na rede de esgoto.

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