Paciente fica dias no SUSFácil, família consegue vaga em BH, mas hospital de João Pinheiro alega evasão e nega ambulância

Após dias sem cirurgia, homem foi levado por conta própria para Belo Horizonte; hospital alegou evasão e não disponibilizou ambulância

Familiares de Anderson Ramiro da Silva, que ficou internado por sete dias no Hospital Municipal de João Pinheiro aguardando vaga para cirurgia via SUS-Fácil após sofrer um grave acidente, estão revoltados com o sistema de saúde e com a falta de apoio oferecido pela unidade hospitalar, que alegou impossibilidade de transporte por ausência de formalização da vaga.

Um irmão de Anderson gravou um vídeo expressando sua indignação com a recusa do hospital em fornecer transporte até um hospital particular em Belo Horizonte, onde a família havia conseguido uma vaga para que ele fosse operado. O vídeo circulou nas redes sociais e gerou comoção.

O acidente aconteceu no dia 1º de maio, feriado do Dia do Trabalhador, em Luizlândia do Oeste (JK). Anderson foi atendido na UPA de João Pinheiro e transferido no dia seguinte para o Hospital Municipal Antônio Carneiro Valadares. Desde então, segundo a família, permaneceu internado sem previsão para a realização da cirurgia, mesmo diante de fraturas múltiplas no braço e trincamento da bacia, que o deixaram alguns dias sem conseguir andar.

Infelizmente o Hospital de João Pinheiro não atende cirurgias de alta complexidade como o caso de Anderson. Então, diante da gravidade do caso, Anderson foi inserido no sistema SUSFácil, aguardando vaga em uma unidade de referência, no Hospital Regional Antônio Dias, em Patos de Minas. No entanto, a espera por uma resposta se prolongou e, sem previsão, a família buscou alternativas por conta própria.

Ao conseguir a vaga no Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Belo Horizonte, a família tentou solicitar ambulância para o transporte, mas o pedido foi negado. O hospital municipal alegou que, como o paciente saiu sem alta médica, o caso passou a ser considerado evasão hospitalar, impossibilitando o fornecimento de ambulância pelo sistema público.

Diante da negativa, o próprio irmão de Anderson realizou o transporte sem seu carro particular, o que gerou a indignação de familiares. O paciente chegou à capital mineira na noite de quinta-feira (8) e foi internado no hospital onde passará por cirurgia em breve.

Versão do hospital

O Hospital Municipal foi procurado pelo JP Agora, e informou que Anderson foi devidamente incluído no sistema SUSFácil logo após sua internação e que o caso foi priorizado pela equipe. No entanto, até o momento da saída do paciente, nenhuma vaga havia sido disponibilizada pelas centrais de regulação, que são responsáveis por gerir a fila de pacientes do Sistema Único de Saúde.

Ainda segundo informações obtidas, não houve contato formal da unidade hospitalar de Belo Horizonte com o Hospital de João Pinheiro, o que, na avaliação da administração, impossibilitou a formalização da transferência e impediu o encaminhamento via SUS. Como o paciente deixou a unidade por conta própria, sem alta médica e sem confirmação oficial da vaga, o caso foi classificado como evasão — o que, segundo o hospital, também inviabiliza o uso de ambulância pública para o transporte. A administração informou ainda que os familiares não solicitaram a ambulância antes e depois da saída do paciente.

Sem resposta oficial, a família decidiu arcar com os custos da viagem e da internação em Belo Horizonte. O caso reacende o debate sobre as fragilidades do sistema público de saúde, principalmente diante da burocracia para encaminhamentos de alta complexidade e da escassez de leitos nos hospitais de referência.

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Já passei por isso, se não faço particular em patos teria perdido meu filho, fratura no fêmur 22 Dias e eles enrolando sua fácil e sus difícil

Triste isso

Evadiu do hospital e queria ambulância? Acha que é táxi particular? Ambulância do hospital é pra quem está internado.

Não estou aqui pra defender ,mas em 2008 meu filho foi acidentado aqui estava de moto e carro bateu nele,fraturou o fêmur e em João Pinheiro tbm não realizava a cirurgia ,ele foi transferido pro regional e lá ele ficou 16 dias aguardando a cirurgia.

Então as vezes a espera e necessária mesmo.
Até pq eu não fanática por política estou falando de realidade mesmo.