Uma fraude no sistema de fornecimento de alimentos para penitenciárias de Minas Gerais foi descoberta pela Polícia Civil. Um homem de 58 anos, que é um servidor federal licenciado da área da saúde, suspeito de envolvimento na organização criminosa, foi preso nesta segunda-feira (20). Outras dez pessoas estão sendo investigadas.
De acordo com o delegado Sérgio Paranhos, que chefiou a operação Praestatur Prandium, a organização agia no esquema de licitação para o fornecimento dos alimentos.
“Uma empresa que estava fazendo o fornecimento dos alimentos suspendia o serviço de forma abrupta, em véspera de feriados, fins de semana, alegando que não tinha condições financeiras para continuar o serviço”, explica. “Neste momento, uma outra empresa, que também era da organização, era contatada de modo emergencial para continuar o fornecimento cobrando, em média, 30% a mais que a primeira empresa”, detalha.
Ainda segundo o delegado, a organização agia em 17 presídios de dez cidades do Estado. Ao todo, foram cumpridos 12 mandados busca e apreensão. Duas pessoas são de Salvador (BA). “Foram apreendidos diversos smartphones, tokens, pendrives, documentos e outros materiais que serão períciados. Acreditamos que existam mais envolvidos no esquema”, comenta. O valor do prejuízo causado não foi divulgado pela polícia.
O grupo pode responder por organização criminosa, associação criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Relação com outros crimes
O secretário de Segurança Pública de Minas Gerais (Sejsup), Rogério Greco, disse que as fraudes não impactavam no fornecimento para os presos. “Assim que a empresa comunicava a suspensão do serviço, uma nova empresa cadastrada no sistema da Sejsup era acionada para continuar o serviço. Os detentos nem tinham conhecimento sobre o ocorrido”, declara.
Para o chefe da pasta, a frequência de suspensão nos serviços é que despertou a atenção para a fraude. O esquema funcionava há pelo menos 1 ano e meio.
O secretário disse que os recentes casos de incêndio em ônibus em Minas, como forma de reivindicar melhores condições nas penitenciárias, não têm relação com a fraude. “Os presos questionam muitas vezes a qualidade da comida, e não a falta dela, que não acontece “, afirma.