Com fevereiro batendo à porta, os brasileiros completam o quinto mês pagando a bandeira de escassez hídrica na conta de luz. A tarifa cobra R$ 14,20 a mais a cada 100 quilowatts-hora consumidos.
A chuva deste início do ano em Minas Gerais fez, segundo o governador Romeu Zema (Novo), o estado até entrar em excesso hídrico. Mas por que, então, os mineiros precisam continuar pagando essa tarifa na energia elétrica?
Isso se deve ao fato do “sistema de distribuição de energia no Brasil ser interligado”, explica o professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Pedro Luiz Côrtes. “A energia gerada em determinada região ou estado pode ser usada em outra região.”
“Quando é aplicada uma bandeira ela incide sobre todos os estados. O fato de determinadas usinas hidrelétricas em Minas estarem em superávit não significa que essa energia será usada apenas pelo estado de Minas Gerais”, pondera.
Zema chegou a pedir ao governo federal a suspensão da bandeira de escassez hídrica no estado, mas o Ministério de Minas e Energia vetou.
Na avaliação do especialista, é prematuro suspender a bandeira de escassez hídrica. “Temos uma situação muito grave no Sul do país, devido à estiagem, que deve, certamente, impactar nos níveis dos reservatórios nessa região”, destaca.
“No meu entendimento, é necessário esperar o final do verão para podermos avaliar a situação dos reservatórios no Sul do país. Vendo do ponto de vista do consumidor, gostaria muito que fosse retirado. Do ponto de vista técnico considero ser prudente a manutenção da tarifa”, completa.