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Operação policial erra endereço de investigado e realiza busca em casa de inocente em João Pinheiro

A mulher relatou ao JP Agora sobre seu receio em ver sua honra e índole prejudicados pela ação da polícia

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A operação do GAECO que movimentou a cidade de João Pinheiro nesta manhã de quinta-feira (11) deixou sequelas inimagináveis para uma pinheirense de 41 anos. Vanusa Pereira da Silva saiu cedo para trabalhar e, quando retornou, se deparou com sua casa arrombada e toda revirada. O local foi um dos alvos de busca e apreensão da Operação Desmantelo 038, mas a moradora sequer figura como investigada. O erro, segundo a mulher, deixou prejuízos financeiros e morais.

Vanusa, que é motorista de van que transporta alunos para as escolas do município, relatou ao JP Agora em entrevista que saiu cedo para trabalhar como faz todos os dias e ela deixou a casa trancada. Algum tempo depois, recebeu ligações de vizinhos relatando a presença da polícia em sua residência, mas acreditou que se tratava de um engano, já que jamais se envolveu com qualquer tipo de ilícito. A situação foi se confirmar quando a mulher retornou para a residência depois do serviço. Por um erro de endereço, as autoridades invadiram a residência e realizaram buscas em todos os pontos da casa.

“Quando terminei o serviço que cheguei em casa deparei com meu portão estourado, as portas estouradas, minhas coisas tudo revirada na operação policial que teve. Constava o meu endereço, mas o nome da pessoa que estavam procurando não sou eu, desconheço e eu queria saber das autoridades uma posição “, pontuou a pinheirense.

Apesar dos prejuízos deixados nas portas danificadas, a maior preocupação de Vanusa é com sua imagem. Ela ressalta que a situação causou sofrimento e angústia inimagináveis, além de colocar em xeque sua honra perante a sociedade e vizinhança. 

“Todo mundo me conhece, sabe da minha índole, sabe do meu caráter, sabe que sou honesta, trabalhadora, inclusive eu vivo em função do meu trabalho. Não tinha possibilidade nenhuma deles invadir minha residência e ter me dado esse prejuízo. Estou muito assustada, minha filha está muito abalada, eu acabei de perder meu esposo faz 3 meses e ainda estou em choque tentando reerguer minha vida. Não tenho tempo nem de ficar em casa. Acima de tudo, meu nome, minha reputação infelizmente lá embaixo.”

Abalada com o falecimento recente do marido, a mulher ressaltou o sentimento de tristeza e a vontade de desistir quando se deparou com seus pertences todos revirados. “Meu sentimento foi de muita tristeza, fiquei muito triste na hora, pensei em desistir, em parar com tudo, não tem lógica uma cidadã de bem que vive a vida honestamente passar por tanta provação e ser lesada dessa forma. Tenho medo também das pessoas me julgarem por uma coisa que eu tenho certeza que não cometi, não fiz e tenho certeza que sou limpa, não tenho meu nome sujo, e uma cidadã de bem. Como eu trabalho com criança, preocupo-me com minha reputação. É um constrangimento muito grande para mim. Eu não esperava isso, sério.”

O JP Agora confirmou que as autoridades arrombaram o portão, a porta de entrada e realizaram buscas na residência de Vanusa. Restou apurado, ainda, que o alvo verdadeiro da polícia era outra residência localizada na mesma rua da casa da moradora. A mulher destacou que vai buscar seus direitos na justiça. O JP Agora seguirá acompanhando o caso.

Em nota, o Delegado Danniel Pedro informou que as investigações prévias realizadas antes da operação apontaram que o sujeito investigado, de extrema periculosidade e com notícia de posse de arma de fogo, possuía relação com o endereço da moradora e que nem sempre se dá no endereço exato da pessoa, mas também em endereços vinculados, sobretudo quando se trata de um contexto de organização criminosa.

O alvo estava com mandado de prisão em aberto e, durante o cumprimento do mandado de busca e de prisão em outro endereço, onde foi localizado, agrediu e ameaçou os policiais, sendo preso por resistência, ameaça e lesão corporal. A autoridade informou, ainda, que no endereço da moradora não havia moradores presentes no momento da operação e que foram chamadas duas testemunhas do povo para acompanhar o rompimento da fechadura, conforme preconiza o Código de Processo Penal e a decisão judicial.

Por fim, o delegado garantiu que os policiais não danificaram a residência além do necessário para o cumprimento da diligência e que foi disponibilizado acesso aos autos à moradora para verificar como seu endereço surgiu na investigação.

Nota do Ministério Público sobre a Operação Desmantelo 038

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por meio de seu Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) Regional de Paracatu, em resposta à solicitação do “JP Agora”, após a conferência da documentação policial referente à Operação Desmantelo 038, deflagrada na data de ontem (11/07/2024) em João Pinheiro e Brasilândia de Minas, informa que:

  • O modus operandi investigado envolve o ocultamento de drogas em locais dispersos, muitas vezes sem ligação direta com os investigados, o que foi confirmado durante a operação.
  • Não houve qualquer “erro de endereço” no cumprimento das ordens judiciais de busca e apreensão domiciliares.
  • Todas as buscas foram realizadas em endereços de residências e estabelecimentos comerciais que possuem vínculos com os investigados.
  • O Código de Processo Penal autoriza e determina o arrombamento de portas e o forçamento de entrada quando os moradores estão ausentes (art. 245, § 4º), o que foi observado em todos os locais.
  • Especificamente quanto ao endereço questionado, embora o investigado possa não residir no local, há informações sobre seu vínculo com a residência.
  • O investigado B.C.A.M declarou o referido endereço como seu em uma ocorrência policial registrada em 17/03/2024.
  • A senhora V.P.S foi atendida ontem na sede do Ministério Público em João Pinheiro/MG, onde inicialmente afirmou desconhecer completamente o investigado B.C.A.M. Após a conferência do endereço e exibição do mandado judicial, a senhora V.P.S retificou a informação e confirmou conhecer o investigado mencionado.
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Trabalhador JP
3 meses atrás

Tem de processar o Estado sim, erro grotesco, devia se informar primeiro antes de destruir os bens particulares aleatório. Fora o dano moral!

46
3 meses atrás

Tem até um q trabalhava no executivo no município, imagina qtos lá dentro tem,. ..

Vizinho
3 meses atrás

Se não em engano ela tem um filho!!!!!! ele pode ser o traficante procurado kkkk

Frescura
3 meses atrás

Querendo ganhar um dinheirinho de dano moral né kkk
Drama danado

Alisson
3 meses atrás
Resposta para  Frescura

Queria vê se fosse na sua casa

.
3 meses atrás
Resposta para  Frescura

Tá mais q certa seu insolente

Fábio
3 meses atrás
Resposta para  Frescura

Não foi ela que quis que acontecesse, aconteceu com ela e o mínimo que se espera é uma indenização pelos danos materiais, e também morais pelo erro grotesco!

Trabalhador JP
3 meses atrás
Resposta para  Frescura

Queria ver fosse com vc, se falava isso! Sem noção!

JJ
3 meses atrás
Resposta para  Frescura

Deve ser um petista sem noção, pra falar uma besteira dessa .
Claro que o estado deve indenizar pelos danos.