Em entrevista, suspeito de ataque a carretas na BR-040 em João Pinheiro se defende e nega crime: “meu sonho é ser carreteiro”

Bruno Henrique, preso desde o dia 17 de janeiro por supostamente jogar pedras contra carretas na BR-040 em João Pinheiro, foi finalmente posto em liberdade nesta terça-feira (21). A justiça retirou a fiança anteriormente arbitrada após recurso da advogada de defesa, Dra. Núbia Grasiele, e ele seguirá respondendo ao processo em liberdade.

A prisão de Bruno aconteceu depois que foram divulgadas imagens de câmeras de segurança da carreta atacada no dia 15 de janeiro. Ele foi detido e conduzido à delegacia e, mais tarde, a justiça concedeu liberdade provisória mediante o pagamento de R$ 5 mil de fiança. Como não conseguiu arcar com o valor, permaneceu preso no Presídio de João Pinheiro até a tarde de ontem.

Em entrevista após sua soltura, Bruno negou qualquer envolvimento nos ataques e afirmou que confessou sob pressão policial. “Eu quero que a sociedade entenda, quem estiver pensando que eu tenho a ver com isso, que tire isso da cabeça. Meu sonho é ser carreteiro, jamais teria coragem de fazer isso”, declarou. Ele também alegou ter testemunhas e imagens de câmeras de segurança que provam que estava em casa no momento do crime.

A defesa sustentou que a prisão de Bruno foi baseada em uma denúncia anônima e na apreensão de roupas semelhantes às usadas pelo autor dos ataques. No entanto, a advogada argumentou que as peças não eram idênticas e que o acusado tinha testemunhas que poderiam provar que ele estava em casa no momento do ocorrido. Diante disso, a Justiça determinou sua liberação sem necessidade de pagamento da fiança, mas impôs medidas cautelares, como o recolhimento domiciliar noturno e a proibição de frequentar bares.

Outro suspeito foi preso e liberado

Mesmo com Bruno preso, outro ataque foi registrado na madrugada de domingo (19), levantando suspeitas sobre a existência de mais envolvidos nos crimes. Durante novas buscas, a Polícia Militar e a PRF localizaram José Carlos Rocha acampado às margens da BR-040. No local, as autoridades encontraram dezenas de pedras semelhantes às que estavam sendo lançadas contra os caminhões.

José Carlos confessou os ataques, mas sua prisão não foi ratificada pelo delegado de plantão da cidade de Montes Claros. Ele assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado no mesmo dia. A soltura gerou revolta, especialmente porque as roupas encontradas com ele eram idênticas às registradas nas imagens do ataque do dia 15.

Família pede justiça

A esposa de Bruno, Danieli, também se manifestou após a soltura e disse que ele está abalado emocionalmente. “Ele está com medo de sair na rua, ficou trancado no quarto. Ele nunca passou por algo assim. O Bruno é inocente e foi julgado pela sociedade antes mesmo de poder se defender”, afirmou.

Segundo Danieli, a prisão do marido trouxe dificuldades financeiras para a família. “Ele faz bicos para sustentar a casa e, enquanto esteve preso, a gente passou a ter muita necessidade. Vendemos até uma bicicleta para comprar comida”, relatou.

Medidas cautelares impostas a Bruno

Embora tenha sido solto, Bruno deverá cumprir algumas medidas cautelares determinadas pela Justiça, entre elas:

• Comparecimento a todos os atos do eventual processo e manter seu endereço atualizado;
• Proibição de frequentar bares e estabelecimentos similares;
• Recolhimento domiciliar no período noturno (das 20h às 6h) e nos dias de folga;
• Proibição de se ausentar da Comarca por mais de 15 dias sem autorização judicial.

A Polícia Civil segue investigando os ataques e não descarta a possibilidade de novas prisões. Com a sequência de detenções e solturas, motoristas continuam apreensivos e pedem mais segurança na rodovia.