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Futebol: com calendário apertado, clubes investem cada vez mais em fisiologia

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A cada década que passa, como em qualquer esporte coletivo, o futebol se torna mais físico e competitivo. Hoje, não é nada de outro mundo um futebolista profissional de alto nível correr mais de 13 km em uma única partida, enquanto na década de 80 os atletas corriam cerca de 6 a 8 km por jogo.

Com os jogadores atuais percorrendo praticamente o dobro da distância em comparação há 40 anos, bem como o alto número de partidas com períodos inadequados de repouso, a área da fisiologia se tornou uma importante aliada no dia a dia dos clubes, fazendo com que os jogadores superem os seus próprios limites.

O que é fisiologia e como ela é aplicada no futebol

Ramo da biologia aplicado ao entendimento do funcionamento de um organismo, a fisiologia no futebol visa realizar uma avaliação periódica dos atletas, coletando dados científicos para a dosagem nos treinos e afins, sempre com um objetivo principal: otimizar a prevenção de lesões.

Como não poderia ser diferente, nos últimos anos, diversos estudos têm sido realizados sobre os impactos de ter horários cheios no futebol de elite. Sendo que nem os maiores clubes do mundo escapam dos efeitos desse problema, como a exemplo do Liverpool-ING, que tem o seu treinador Jürgen Klopp como um crítico ferrenho do excesso de jogos na Inglaterra.

Um interessante estudo alemão de 2020, conduzido pelo Dr. Liam Harper, professor sênior em Ciências do Exercício Esportivo e Nutrição, na Universidade de Münster (Alemanha), analisou que os jogadores de defesa do Liverpool tendem a cometer mais falhas de posicionamento quando estão sobrecarregados fisicamente.

Contudo, ainda que a fadiga acumulada possa comprometer o nível de concentração, o que tira o sono das comissões técnicas espalhadas pelo mundo é o alto risco de perder seus melhores atletas durante séries exaustivas de partidas.

Dessa maneira, levando em consideração que o calendário do futebol brasileiro é um dos mais pesados do mundo a nível de sequências de jogos, com alguns clubes tendo que jogar mais de 80 vezes em uma única temporada, o Brasil tem se tornado referência no quesito departamento de fisiologia no futebol sul-americano.

Atual bicampeão da Libertadores, Palmeiras é referência em prevenção de lesões no continente

O sucesso definitivamente não vem por acaso. Atual bicampeão da Libertadores e um dos maiores clubes da América do Sul, o Palmeiras, além de ter um elenco recheado de ótimos jogadores sob a batuta do treinador português Abel Ferreira, conta com uma estrutura de primeiro mundo no que diz respeito ao tratamento e prevenção de contusões.

Atualmente, o clube utiliza em seus atletas coletes para controle de carga interno da Firstbeat, uma tecnologia de monitoramento cardíaco de última geração que coleta dados fisiológicos em tempo real.

De acordo com o coordenador científico da equipe paulista, Daniel Gonçalves, em declarações para o portal “Nosso Palestra”, o referido equipamento utiliza um algoritmo próprio para futebolistas, no qual possibilita o núcleo de saúde e performance do clube avaliar, com precisão, como os jogadores estão assimilando a carga de treinos e jogos.

Vale destacar que, em 2021, o Palmeiras foi o time com o maior número de partidas no futebol a nível global. Ao todo, o esquadrão treinado por Abel Ferreira jogou 91 confrontos na temporada passada. Levando em consideração que o ano teve 365 dias, isso resultou em uma média aproximada de uma partida a quatro dias.

Obviamente, esse número excessivo gerou muitas críticas de jogadores e comissão técnica. Certa vez, em entrevista coletiva para a imprensa local, Abel Ferreira chegou a chamar o calendário brasileiro de insano e que tal fato prejudica muito a qualidade do futebol praticado no país.

Além do Palmeiras, é relevante ressaltar que outros clubes de grande porte do futebol brasileiro, como a exemplo de Atlético Mineiro e Flamengo, também tiveram uma temporada muito desgastante em 2021. Tanto o Galo, detentor da tríplice coroa, quanto o Rubro-Negro carioca (vice-campeão do Brasileirão e da Libertadores), entraram em campo em 75 oportunidades no ano passado.

Trégua no calendário do futebol brasileiro em 2022?

Nada disso, muito pelo contrário. Levando em conta que estamos em um ano de Copa do Mundo, programada para ser disputada entre os dias 21 de novembro e 18 de dezembro, no Catar, o calendário brasileiro precisou ser adaptado. Com isso, praticamente não há semanas livres de trabalho para os principais clubes do país.

Tomando como exemplo novamente o Palmeiras, a esta altura a equipe paulista poderá jogar no máximo 82 jogos até o fim de 2022. Ou seja, como o clube disputou 91 partidas em 2021, o time de Abel Ferreira tem a chance de acumular o expressivo número de 173 partidas em um espaço de duas temporadas.

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