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Hércules Júnior lança livro ‘Sob o Céu de Sant’Anna’, uma viagem pelas lendas e histórias de João Pinheiro

Hércules Júnior é um exímio pinheirense, detentor de muito conhecimento e resolveu publicar a obra para que a comunidade conhecesse mais sobre a história local

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O JP Agora tem o orgulho em apresentar, nesta quarta-feira (14), a entrevista exclusiva realizada com o autor do livro “Sob o Céu de Sant’Anna”. Nós, que somos apaixonados pela cidade de João Pinheiro e seu povo, tivemos o privilégio de tomar um café com Hércules Júnior, que nos contou detalhes sobre a obra que é um marco na literatura da cidade fácil de ser amada.

Se tem uma coisa que o JP Agora sempre se orgulhou foi de contar histórias de sucesso vindas da nossa cidade. Faz parte da nossa pauta enaltecer o povo, valorizar nossas raízes e, principalmente, levar aos nossos leitores o que há de melhor sobre a nossa cultura. Daí já se extrai a importância que damos à obra “Sob o Céu de Sant’Anna”.

Hércules contou que a maior parte de nossa população tem muito carinho pela cidade, o que constatou quando começou a postar suas pesquisas na internet e estas eram sempre recebidas com muito atenção pelos leitores.

“Gosto muito de história e cultura, mas minha geração, e outras, cresceram sabendo pouco sobre João Pinheiro. De vez em quando alguém tinha uma lembrança, mas e aí, o que isso representava? Era muito subjetivo. Tinha a notícia de que o Coronel Hermógenes é quem mandara matar o Juca Cordeiro, dentre outras, mas nada palpável, com mais dados, então iniciei as pesquisas há uns sete anos. Começou no período do JP Consciente, fazia e não assinava, só queria pesquisar e passar para a população, pois considero a cidade como ampliação da nossa família, e devemos saber a história da nossa família para conseguirmos compreender melhor o porquê de estarmos no atual estágio de evolução social e cultural”, disse Hércules Júnior.

O autor seguiu explicando como a obra vai ajudar os pinheirenses a entenderem a história do maior município de Minas Gerais. “João Pinheiro cresceu no coronelismo, como tantas outras cidades, mas com a agravante de que o isolamento geográfico até a construção da BR-040, em 1959, mantinha a cidade sem uma comunicação que a permitisse “respirar”, receber imigrantes, investimentos e evoluir. É necessário refletir também sobre o coronelismo, que foi um fenômeno nacional e não demonizá-lo. Vários desses coronéis foram importantes na emancipação do município, é necessário contextualizar as histórias.”

Destacando o progresso educacional de João Pinheiro, Hércules enfatiza o comprometimento das escolas locais em superar desafios do passado, focando na formação completa de seus alunos, além de elogiar o imenso esforço dos educadores para tornar esse avanço acessível a todos.

“Ainda no século 19, por exemplo, Paracatu tinha dois jornais, teatro, cursos de formação de professores, algo que conseguimos (à exceção do teatro) somente no século 20, quase 100 anos depois. Hoje vejo o ensino dando um salto em João Pinheiro e nossas escolas colaborando para rompermos esse atraso, focadas na formação de profissionais, mas também de cidadãos mais bem preparados culturalmente. Claro que as barreiras sociais são empecilhos para que essa evolução chegue a todos, mas nota-se um esforço enorme dos nossos educadores do ensino público, no caso, para pluralizarem essas conquistas.”, ressaltou Hércules à nossa reportagem.

Ainda sobre o livro, Hércules se considera mais como intérprete do que autor. Diz que transcreveu, em seu estilo literário, o que ouviu de testemunhas ou leu em processos judiciais. Normalmente assessorado por Vera Coelho, a quem se reportava em reflexões sobre os textos, como representante do público que iria ler.

Hércules também nos proporcionou uma visão única de como ele captou e transcreveu as histórias locais, tornando-se mais intérprete do que autor. Ele ilustra essa abordagem com uma anedota envolvente sobre a pesquisa que fez para escrever sobre a lenda local do “Jacaré Apaixonado”.

“Fui até a Caatinga, sentei lá para conversar com o Sr. Bonifácio para conhecer sobre a lenda local do “Jacaré Apaixonado”, eu tinha que interpretar o que a comunidade sentia. Até brinco no livro que eu falei com o Sr. Bonifácio: Isso é verdade verdadeira? (risos).Ele me respondeu que era verdade, que poderia cair um raio na cabeça dele se estivesse mentindo. Era um sentimento e causo que eu tinha que respeitar e pronto, não podia colocar a minha opinião na história. Então fui intérprete o tempo todo”, disse Hércules.

A disputa pela Prefeitura, em 1970, vencida por Manoel Neto, também é destaque na obra e o autor buscou informações em pessoas que viveram aqueles fatos. “Existia a versão de que o Manoel Neto teria dado os tiros no próprio carro para simular que estaria sendo perseguido, versão dada por alguém que disse ter participado do fato. Essas artimanhas eram usadas na política da época e surgiam versões de ambos os lados que colocavam em dúvida qualquer afirmação que se pretendesse definitiva, por isso no livro deixo em aberto ambas as possibilidades.”

Ao relembrar que estamos perdendo nossos contadores de histórias, Hércules destacou um pouco mais sobre a briga de coronéis de João Pinheiro. “Estamos perdendo nossos contadores de histórias. O José Benevides , me auxiliou muito, ele conviveu com o Coronel Hermógenes e dizia que, apesar de ele (Hermógenes) ter sido absolvido, a rixa com Juca Cordeiro era intensa e tudo indicava que foi o mandante do crime. Até na história da invasão de João Pinheiro, o senhor José Benevides testemunhou que teria participado da reação armada, contra os jagunços, na ponte do Ribeirão dos Órfãos. Infelizmente José Benevides já faleceu e perdemos uma ótima referências em nossos causos.

Ao final da conversa, Hércules ressaltou que as histórias relembradas por ele durante a entrevista são algumas das várias que escreveu na obra “Sob o Céu de Sant’Anna”, que está à venda na Droganor, Papelaria Abaeté e no Santinhus Bebidas e Festas.

Concluiu dizendo: “Desejo que o objetivo do livro seja atingido, que é nos aproximar mais da nossa cidade, nos sentirmos mais identificados e isso gerar frutos de pertencimento e participação na sociedade”. Um Instagram foi criado para divulgar mais histórias da cidade, acompanhe @sob.o.ceu.de.santana

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