Em meio à guerra contra a proliferação do coronavírus pelo mundo, um medicamento entra em evidência. Trata-se da hidroxicloroquina, remédio usada para a prevenção e tratamento de certos tipos de malária. Estudo liderado pelo pesquisador francês Didier Raoult, da Universidade de Aix-Marselha, na França, com testes realizados no país e na China – duas das regiões mais infectadas pela pandemia –, se mostrou eficaz para a cura de pacientes com Covid-19.
Pessoas com o vírus que fizeram o uso da hidroxicloroquina apresentaram melhora no quadro clínico em seis dias. E mais: quando ela foi combinada com o antibiótico azitromicina, o fim dos sintomas foi ainda mais rápido (veja abaixo como se deram os estudos).
Os Estados Unidos também já realizaram testes com a medicação, o que fez com que o presidente Donald Trump anunciasse, nesta quinta-feira (19), que a Food and Drug Administration (FDA), a agência federal norte-americana que trata dos assuntos de saúde, aprovou o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de coronavírus.
“Quando você usa um medicamento novo, você não sabe o que vai acontecer. Mas ele mostrou resultados iniciais muito encorajadores e poderemos disponibilizar esse remédio quase imediatamente”, disse Trump.
Apesar da esperança no tratamento, cientistas ressaltam que se trata de um estudo preliminar, ainda não publicado em revistas científicas. A amostra de pesquisa foi pequena (36 pessoas, sendo que 20 receberam a nova medicação, e outras 16, não). A droga, de toda forma, é considerada segura.
“Por questões éticas e pelo fato de nosso primeiros resultados serem tão significativos, decidimos compartilhar a descoberta com a comunidade médica, dada a urgente necessidade de um medicamento contra a pandemia”, escreveram os autores do estudo. Ao todo, 18 pesquisadores trabalharam no experimento.
ENTENDA
O estudo envolveu 36 pacientes:
– 6 assintomáticos (sem sintomas)
– 22 com sintomas de infecção respiratória alta
– 8 com sintomas de infecção respiratória baixa
= 20 pacientes foram tratados com 600 mg de hidroxicloroquina diariamente.
Em 6 desses 20 pacientes foi adicionada ao tratamento a azitromicina (antibiótico)
= 16 não receberam o medicamento
Resultados:
Após seis dias, 70% dos tratados com hidroxicloroquina foram considerados curados
Após seis dias, TODOS os tratados com hidroxicloroquina + azitromicina foram considerados curados
E no Brasil?
A hidroxicloroquina é vendida em farmácias brasileiras. Porém, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não autoriza o uso do medicamento para o tratamento de casos de coronavírus. O remédio só é indicado no país para artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária. “Não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus”, informou, em nota.
“Esse medicamento já é conhecido há um bom tempo, relativamente barato e já conhecido no mercado. Os cientistas já conseguiram bons resultados até o momento. Mas é importante ressaltar que são necessários mais testes para indicação clínica”, explica o farmacêutico Marcelo Polacow, PhD em farmacologia e vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), em entrevista ao site especializado Pfarma.com.br.
Polacow reforça que a hidroxicloroquina não pode ser ingerida sem prescrição médica. “Como todo medicamento tarjado, ele necessita de receita médica. Ele está nas farmácias brasileiras, mas não adianta tomá-lo, pois ele precisa ser prescrito na dose e no tempo correto. Ele não pode ser usado por gestantes, cardíacos e pode causar distúrbios oculares. Não recomendo esse tipo de uso. É perigoso. Ressalto a meus colegas farmacêuticos que não vendam esse medicamento”, explica.
Confira a nota da Anvisa:
Esclarecimentos sobre hidroxicloroquina e cloroquina
Diante das notícias veiculadas sobre medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento da Covid-19, a Anvisa esclarece que:
– esses medicamentos são registrados pela agência para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária;
– apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus; e
– a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde.
Que façam imediatamente os testes necessário. Não podemos ficar a esperar morrer cidadãos e cidadãs por negligência. A morte NÃO espera.