Um pai decidiu entrar na faculdade junto com seu filho autista pra dar uma força. O técnico industrial Luís Felipe Weberling fez o curso e entrou em 2016 na faculdade de Direito, no Espírito Santo, pra dar apoio para o filho Lucas, diagnosticado com síndrome de Asperger – autismo grau leve.
Este mês pai e filho terminaram a gradução e se formaram na faculdade da Grande Vitória. A colação de grau será em fevereiro de 2021.
Pai na faculdade
O pai entrou na jornada pra combater o histórico de preconceito e a preocupação de como seria a reação de Lucas com a turma. Como a mãe já era formada na área, a missão coube ao pai, hoje com 46 anos.
“No primeiro dia de aula, eu estava tremendo. Estava muito ansioso para saber como seriam as coisas, como lidar com isso. Era tudo muito novo para todo mundo. No início foi muito difícil”, contou o pai.
A ação dos pais de o acompanharem é avaliada por Lucas como fundamental para ele mesmo acreditar que conseguiria concluir a faculdade.
“Não existe uma barreira que ele [o autista] não pode alcançar. Se ajudarem e tiverem alguém para acreditar nele, ele pode mudar o mundo. Sinceramente, eu acho que é isso que o mundo está precisando: de mais pessoas como nós. De pessoas que acreditam nas pessoas, que fazem acreditar que o mundo, apesar de ser gigante, se torna pequeno pelo tanto de pessoas que vão te ajudando ao longo da vida. Se você tiver isso, acho que consegue tudo”, revelou Lucas, hoje com 23 anos.
Bullying
Lucas é o mais velho de três irmãos e foi diagnosticado com autismo aos 12 anos. Na época, a família já começou um tratamento para melhorar a coordenação motora dele e problemas com socialização.
Mesmo assim, o autismo fez com que Lucas sofresse preconceito e bullying na escola. Foi apenas no Ensino Médio que ele começou a ser aceito pelos colegas.
Logo no primeiro dia de aula, durante a apresentação para os novos colegas, Lucas contou que era autista e disse que não enxergava a condição como um fator de limitação.
“A professora chamou todo mundo na frente da sala para se apresentar e eu falei o meu nome, disse que era autista, decidi fazer o curso de direito e que contava com a ajuda de todos. A ajuda é fundamental e não digo só para um autista. Com a ajuda, a gente enfrenta um obstáculo que parece grande ser pequeno”, declarou.
“A gente evolui como pessoa e como sociedade através da convivência e inclusão”, desabafou