Uma comparação sobre os gastos dos presidentes da República com o cartão corporativo mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou menos do que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seus dois primeiros mandatos, e do que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
As informações foram divulgadas pela agência de dados públicos Fiquem Sabendo, que recebeu os dados por meio da Lei de Acesso à Informação, e os valores gastos por cada presidente foram corrigidos pelo portal Poder 360.
Em seu primeiro mandato, entre 2003 e 2006, Lula gastou R$ 59 milhões com o cartão corporativo (em valores atualizados pela inflação). No segundo mandato, entre 2007 e 2010, Lula gastou R$ 47,9 milhões. Já a ex-presidente Dilma Rousseff, gastou 42,3 milhões, entre 2011 e 2014 (em valores atualizados).
Nos dois anos e em que esteve no comando do Planalto, entre agosto de 2016 e dezembro de 2018, Michel Temer (MDB) gastou R$ 15,2 milhões.
Veja os gastos de cada presidente
- Lula (2003-2006) – R$59.075.679,77
- Lula (2007-2010) – R$47.943.615,34
- Dilma (2011- 2014) – R$42.359.819,13
- Dilma (até maio de 2016) – R$10.212.647,25
- Temer (Agosto de 2016 – 2018) – R$15.270.257,50
- Bolsonaro (2019-2022) – R$32.659.369,02
Detalhes dos gastos de Bolsonaro
Pelo menos R$ 13,6 milhões foram desembolsados pelo ex-presidente Bolsonaro em hospedagem: muitas vezes em locais de luxo, contrariando o discurso adotado pelo ex-presidente, que afirmava ser contrário a esbanjar dinheiro público.
Na lista de endereços que receberam quantias polpudas está o Ferraretto Hotel, no Guarujá (SP). Ao longo dos quatro anos, o estabelecimento recebeu R$ 1,46 milhão.
As dez maiores notas fiscais de despesas no cartão corporativo são de hospedagem, variando entre R$ 115 mil e R$ 312 mil.
Chama a atenção na lista de gastos expressivos um pequeno restaurante de Boa Vista, em Roraima. Há uma nota de R$ 109 mil no Sabor de Casa, estabelecimento que fornece marmitas promocionais a R$ 20 e também faz entregas. A nota fiscal é de 26 de outubro de 2021, quando Bolsonaro estava na cidade para verificar a situação de refugiados vindos da Venezuela. O mesmo local recebeu dois pagamentos – de R$ 28 mil e R$ 14 mil – em setembro do mesmo ano.
Também em panificadoras, os gastos em vários estabelecimentos passavam de R$ 10 mil – quase oito salários mínimos de uma única vez.
Por 20 vezes ao longo do mandato de Bolsonaro foram realizados gastos significativos na padaria carioca Santa Marta. As notas fiscais variam de R$ 880 a R$ 55 mil, com média de R$ 18 mil.
Ao todo, o estabelecimento recebeu R$ 362 mil do cartão corporativo da presidência. Um dos gastos (R$ 33 mill) foi na véspera de uma motociata realizada no Rio de Janeiro.
Sorvetes e guloseimas
Os dados mostram também gastos de Bolsonaro com doces e sorvetes. Em cinco sorveterias foram feitas 62 compras, que somaram R$ 8,6 mil. Em uma única vez foram gastos R$ 540.
Em um mercado gourmet de Brasília foram realizadas 1,2 mil compras, somando R$ 678 mil.
Também estavam em sigilo seis gastos com alimentação para animal, realizados em um pet shop de Brasília, entre fevereiro e abril de 2022, totalizando R$ 1,8 mil. E mais 11 compras em lojas de cosméticos, que chegam a R$ 1 mil.
Ao menos duas compras na filial da Havan no Distrito Federal foram feitas, totalizando R$ 460. Também foram adquiridos artigos em lojas de caça e pesca.
Para ver TV durante as férias de janeiro do ano passado, em São Francisco do Sul, em Santa Catarina, gastou R$ 1,4 mil em serviço de antena parabólica – é o único gasto com assinaturas e periódicos que consta na fatura do cartão.