Rudson Aragão Guimarães, que matou a ex-namorada, invadiu uma igreja e atirou contra três pessoas em Paracatu, no Noroeste de Minas, foi condenado a 54 anos e 8 meses de prisão em regime fechado. A condenação ocorreu nesta segunda-feira (5) em júri realizado no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte.
De acordo com a sentença da juíza Fabiana Cardoso Gomes Ferreira, o júri considerou Rudson culpado pelo crime de feminicídio qualificado da ex-companheira e pelos homicídios qualificados das demais vítimas.
“A culpabilidade, enquanto juízo de reprovação da conduta imputada foi exacerbada, considerando que a vítima foi atingida com golpes de canivete, durante um encontro religioso na residência da irmã do denunciado, na presença da genitora e irmã do sentenciado e, ainda, na presença de uma criança, seu sobrinho, revelando extrema agressividade e frieza na prática do crime”, afirmou a juíza.
Entre as testemunhas ouvidas estava o pastor que o autor tentou atingir, que também é filho de umas das vítimas.
Em nota, o advogado de defesa, Rodolfo Ramos Caldeira, afirmou que está satisfeito com o resultado do júri porque entendeu que o Rudson “teve um julgamento justo”.
Suspensões
O julgamento chegou a ser marcado para ocorrer em 2021, porém, o advogado do acusado interpôs recurso com o pedido de liminar, solicitando o desaforamento do julgamento.
A defesa alegou que existia dúvida sobre a imparcialidade do júri, pelo crime ter adquirido grande notoriedade em toda região. Assim, o júri foi remarcado, sendo realizado em Belo Horizonte.
Relembre o caso
A delegada responsável pelas investigações da época, Thays Regina Silva, deu detalhes sobre a conclusão do inquérito e explicou o que teria motivado Rudson a matar a ex-namorada Heloisa Vieira Andrade, de 59 anos e mais três fiéis da igreja.
De acordo com as investigações, Rudson havia sido afastado da liderança da célula de oração da igreja e excluído de um grupo de WhatsApp da igreja, devido mal comportamento. Isso teria despertado a ira dele. Heloisa também teria sido afastada da liderança da célula, devido à situação do relacionamento dos dois, mas ela participava das intercessões da igreja. Contudo, Rudson não quis mais participar dos trabalhos da igreja, após ter sido afastado da direção da célula e ter sido excluído do grupo do WhatsApp.
Segundo Thays, Rudson teria premeditado o crime, uma vez que chegou a distribuir bens particulares para alguns familiares, dizendo que iria embora, chegando demostrar um comportamento estranho. Rudson ao saber que a ex-namorada estava na casa de sua irmã, pegou um canivete e se deslocou até a casa da dela. Ao chegar na residência, Rudson não cumprimentou a ex-namorada, e disse que a mataria, desferindo um golpe no pescoço de Heloísa, que chegou a ser socorrida, mas acabou morrendo.
Após esfaquear a ex-namorada, Rudson tentou fugir no carro da irmã, que sempre ficava com a chave na ignição, mas naquele dia, a chave não estava no veículo e Rudson questionou a irmã sobre a chave do veículo. Transtornado, Rudson deslocou até sua casa, pegou a arma de fogo e seguiu para a igreja Batista Shalom, onde arrancou a grande de proteção e invadiu a igreja em busca de matar o pastor Evandro.
De acordo com Thays, Rudson invadiu o templo procurando matar o pastor Evandro, porém o pastor havia conseguindo sair da igreja a tempo. Rudson muito irado, atirou no pai do pastor, Antônio Rama e em mais duas fiéis, Rosangela Albernaz e Marilene Martins de Melo Neves. A terceira vítima, chegou a ser refém de Rudson quando a polícia chegou na igreja e mesmo com o diálogo dos militares, o criminosos se recusou a soltar a vítima, atirando contra a cabeça dela.
As investigações ainda apuraram que Rudson teria trocado com um vizinho um Arco flecha na garrucha calibre 36, utilizada na chacina. Na época do crime, policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão em diversas residências. Em uma delas, foi encontrada grande quantidade de armas e munições de calibres restritos e irrestritos. O homem flagrado com o material confessou à Polícia que teria vendido a arma do crime para Rudson.
Rudson se for condenado, vai responder por quatro homicídios com duas qualificadoras, sendo motivo torpe e sem possibilidade de defesa das vítimas e também por uma tentativa de homicídio contra o pastor Evandro Rama. Rudson não demonstrou arrependimento do crime e nem deu maiores detalhes, contou a delegada.
Após cometer o crime, Rudson tentou ainda contra a própria vida dentro do hospital municipal de Paracatu. Rudson, não ficou preso no presidio de Paracatu, pelo risco de ser morto por outros presos e ficou rodando de presídios em presídios, sendo transferido na época para penitenciaria do complexo Penitenciário em Carmo do Paranaíba, no Alto Paranaíba e depois para a Penitenciária de Patrocínio, no dia 19 de Julho de 2019.