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Morte de escrivã por suicídio acende alerta sobre assédio moral e saúde mental na Polícia Civil de Minas Gerais

A morte da escrivã Rafaela expõe a precariedade das condições de trabalho e os crescentes problemas de saúde mental entre os membros da Polícia Civil de Minas Gerais

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A morte por suicídio de Rafaela Drumond, uma escrivã da Polícia Civil de Minas Gerais, lotada em Carandaí, com indícios de pressão psicológica e assédio moral, trouxe à tona um problema mais profundo dentro da corporação: a deterioração da saúde mental dos servidores devido à falta de estrutura. Segundo o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil no Estado de Minas Gerais (Sindpol-MG), essa situação é resultado da falta de equipamentos adequados, condições de trabalho precárias, falta de pessoal e assédio moral frequente.

Com apenas 10 mil policiais civis na ativa, muito abaixo do número necessário de 17.500, os servidores estão sob pressão excessiva, resultando em vários casos de problemas de saúde mental. Na cidade de João Pinheiro, dos 19 agentes da Polícia Civil, 2 estão afastados com atestado psicológico. “Só neste ano, tivemos quatro suicídios entre servidores da Polícia Civil”, alerta Wemerson Oliveira, presidente do Sindpol-MG.

O suicídio da escrivã Rafaela, que alegou sofrer assédio moral, sexual, sobrecarga de trabalho e má gestão por parte de seus superiores, chama atenção para a necessidade de ações urgentes para melhorar as condições de trabalho na corporação. O levantamento do Anuário de Segurança Pública de 2022 revela que Minas Gerais tem a segunda maior taxa de suicídio entre policiais civis, depois de São Paulo.

As condições precárias de trabalho, incluindo coletes vencidos, armamentos inadequados, falta de pessoal e a necessidade de os policiais comprarem seus próprios equipamentos, estão contribuindo para a deterioração da saúde mental dos servidores.

O caso da escrivã Rafaela está sendo investigado, e o Sindep-MG está cobrando uma audiência pública para discutir o assunto, querendo que os suspeitos expliquem as acusações. “O Estado precisa encarar a saúde mental dos profissionais de segurança como prioridade”, enfatiza o sindicato.

De acordo com o anuário brasileiro de segurança pública de 2022, o índice de suicídio entre policiais cresceu 55% entre 2020 e 2021, saltando de 65 para 101 casos. Números alarmantes, pois indicam que a saúde mental dos profissionais de segurança pública está sendo afetada.

Diante de tais circunstâncias, as forças de segurança pública em Minas Gerais ameaçam iniciar uma “operação tartaruga”, em protesto às perdas inflacionárias e às condições precárias de trabalho. As forças de segurança exigem a recomposição de 35,44% em perdas inflacionárias acumuladas ao longo dos últimos anos e a implementação de um plano de carreira que valorize os servidores. Eles também reivindicam melhores condições de trabalho e mais investimentos em saúde mental.

“A situação é crítica e inaceitável. Nosso trabalho exige muito de nós, tanto física quanto mentalmente. Nós lidamos com situações extremas, e o apoio à saúde mental é quase inexistente. Sem mencionar que estamos sendo forçados a trabalhar em condições degradantes, o que é degradante e humilhante”, diz um policial civil que preferiu não se identificar.

Esse impasse tem gerado grande preocupação entre a população de Minas Gerais. Muitos temem que uma greve policial possa levar a um aumento na criminalidade e colocar a segurança dos cidadãos em risco. O governo estadual, até agora, não se manifestou oficialmente sobre o assunto. A falta de diálogo, juntamente com as condições de trabalho precárias, está agravando a situação e levando a uma deterioração ainda maior da saúde mental dos servidores.

É imprescindível que sejam tomadas medidas urgentes para resolver essa crise. É necessária uma reforma abrangente que aborde não apenas questões de salário e condições de trabalho, mas também a saúde mental dos servidores da Polícia Civil. O bem-estar desses profissionais é crucial para a manutenção da ordem e segurança públicas.

FonteO Tempo
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Zé Povim
11 meses atrás

Apenas um comentário: Se a coisa tá tão ruim assim, porque esses profissionais não abrem mão da carreira? Há tantos casos de pessoas que desistiram de diversas carreiras em função da qualidade de vida…
Priorizar qualidade de vida é fundamental, ser PC é apenas um detalhe.
Sei que vai chover de comentários sobre direitos, etc e tal…

Nossa que notícia mais triste
11 meses atrás
Resposta para  Zé Povim

Concordo con vc

Cidadão
11 meses atrás
Resposta para  Zé Povim

Muitos desistem, mas desisti não faz mudar a polícia que pelo que vejo todos que entram reclamam a mesma situação.

Zé Povim
11 meses atrás
Resposta para  Cidadão

Bem improvável “mudar” a autarquia, haja visto que cada dia as condições pioram… é meio óbvio, mas reclamar que não esta bom e não se mover pra mudar isso (se desligando, no caso) não comove ninguém, e digo mais, está longe de atingir um patamar favorável.

PC
11 meses atrás
Resposta para  Zé Povim

Solução ótima a tua. Em vez de pedir o fortalecimento, em todos os aspectos, da Polícia Civil, não, prefere postar mais um comentário de “Zé Povim” mesmo, que não dá a mínima importância para o trabalho árduo dos policiais, só valoriza quando precisa.

Zé Povim
11 meses atrás
Resposta para  PC

Não citei em nenhum momento que desvalorizo a classe. Só acho errado ficar num lugar que não esta bom e viver reclamando, até chegar ao ponto de tirar a própria vida.
Aqui embaixo, na iniciativa privada, temos que matar um leão por dia ou mais, também. E não vejo por aí muita gente movimentando pra mudar isso. Só uma questão de ponto de vista, cada um puxando a brasa pra sua sardinha.

Lourival
11 meses atrás
Resposta para  Zé Povim

…entendo oque disse, porém, diga isso a quem reflete na profissão sua filosofia de vida! __ é como um soldado patriota que morre pela “causa”, sua pátria!

Falou bosta
11 meses atrás
Resposta para  Zé Povim

Falou muuuuuita bosta. Não adianta nem discutir com uma pessoa que pensa assim.

11 meses atrás

Nossos servidores da segurança Pública de Minas Gerais, precisam ser mais valorizados pelo governo, precisam de melhores condições para trabalharem como equipamentos, viaturas, armamento, aumento do efetivo, atendimento psicológico novos cursos e que as perdas infracionarias de 35,44% fosse paga para motivar os servidores a trabalhar com mais dedicação. Não é ter um aumento, apenas receber as perdas infracionarias que é por lei. Percebo que uma maioria dos Servidores da Segurança Pública em minas estão trabalhando desmotivados. Em Minas Gerais temos excelentes Servidores da Segurança Pública, Sr Governador da um apoio melhor para essa classe, tenho certeza vossa excelência terá… Leia mais »

Lourival
11 meses atrás

Algo a discutir com o governo do Estado, pois a segurança é essencial para a sociedade, ___ eu falo em nome de todos que trabalham com segurança: os agentes, policiais, bombeiros, guardas municipais, etc___ e eu digo: como esses profissionais poderão promover tranquilidade e segurança, quando propiamente dito a suas estão comprometidas?
…isso precisa ser revisto!