Pesquisadora pinheirense é reconhecida internacionalmente por criação de material usado em combate a incêndios

O JP Agora vem com muito orgulho apresentar aos leitores a trajetória de sucesso da pinheirense Camila Raiane Ferreira. Graduada em Química, Camila conseguiu alcançar o reconhecimento da comunidade científica internacional com sua pesquisa que criou um material retardante de chamas.

Camila hoje mora no litoral de São Paulo, mas faz de questão de valorizar o início de sua trajetória de estudos nas escolas Quintino Vargas e COC Baluarte, aqui na cidade de João Pinheiro. Em entrevista concedida ao JP Agora, a pesquisadora ressaltou que seu interesse por química começou no cursinho pré-vestibular que fez durante 6 meses na cidade de Patos de Minas. Na ocasião, ela teve a oportunidade de realizar uma monitoria voluntária que auxiliava os colegas nas disciplinas de exatas, incluindo química.

“Eu aprendia ensinando outras pessoas. Comecei a receber um bom retorno dos colegas que diziam que meus olhos brilhavam ao falar de química.”

Foi assim que Camila percebeu sua aptidão e escolheu sua trajetória. Com a decisão, a pinheirense ingressou na graduação na Universidade Federal de Viçosa, campus do Rio Paranaíba. Então, finalizando os estudos na cidade do Alto Paranaíba, Camila participou de um intercâmbio na Universidade do Estado do Colorado e também na Universidade do Estado do Texas, ambas nos Estados Unidos.

Com a vasta experiência adquirida no exterior, a cientista voltou do intercâmbio querendo entender mais sobre o papel do pesquisador e da ciência em buscar as soluções para os problemas encontrados. Assim, Camila concluiu o Mestrado e o Doutorado no Instituto de Química da Unesp, na cidade de Araraquara, interior de São Paulo.

Mais tarde, já no doutorado, Camila desenvolveu a pesquisa que posteriormente a traria ao reconhecimento da comunidade internacional.

Material desenvolvido pode auxiliar no combate a incêndios

Na pesquisa que se iniciou no Instituto de Química da Unesp e aperfeiçoado no laboratório Synchrotron Soleil, que fica na França, Camila combinou compostos de argila, polímeros e ferro para gerar um material com elevada resistência térmica e menos inflamável.

Mais acessível e eficiente que os comumente usados, o retardante de chamas criado por Camila poderá ser utilizado para auxiliar em diversos cenários de incêndio, seja em veículos, em casa ou em queimadas de maiores proporções.

O estudo foi premiado pela Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais, que destacou a inovação do produto desenvolvido e a sua importância na prevenção de maiores danos em incêndios.

No ano de 2019, a pesquisa realizada por Camila já havia sido premiada pela 6ª Conferência Internacional sobre Multifuncionais, Híbridos e Nanomateriais, realizada na Espanha.

O orgulho da mãe pelo reconhecimento dado à filha

A mãe da pesquisadora, Sônia Borges, 49 anos, detalhou a orgulhosa a trajetória de estudos e trabalho da filha. Segunda ela, Camila se destacava nos estudos desde de muito nova e, por ser sempre muito comprometida, o sucesso era inegável.

“Minha filha sempre foi muito estudiosa, desde criança ela se destacava. Estudante de escola pública durante quase o tempo todo, era muito elogiada pelos professores. Teve uma base muito sólida na escola e isso foi muito importante para ela” destacou a mãe, orgulhosa da filha.

Sônia Borges, que é professora, disse que a escolha de Camila pelo estudo da Química veio de forma natural quando a filha terminou o Ensino Médio. Assim, vendo que a filha trilhava o seu caminho, a mãe a incentivou a ter disciplina e foco para alcançar o sucesso profissional.

“Como mãe eu tinha certeza que ela teria sucesso nos estudos. No estudo da Química, eu sabia que ela teria o mesmo empenho que sempre marcou sua vida escolar. Eu só tenho a agradecer todos que a incentivaram nas suas escolas e a Deus por ter uma filha tão maravilhosa e que dá tanto orgulho à família” ressaltou Sônia.

Exemplo da necessária valorização da ciência

Conforme destaca Camila, o reconhecimento da pesquisa vem pra trazer um maior incentivo ao estudo e desenvolvimento de novas técnicas para auxiliar a comunidade.

“Fiquei muito feliz ao saber que o estudo seria premiado. Foi uma importante vitória, já que era o final do doutorado e o campo da ciência estava um pouco desmotivado, considerando ainda que o governo cortou diversas verbas dessa área. Era bem difícil ver um futuro para os cientistas e o prêmio veio devolver a confiança no trabalho e no material produzido. Mostrou que eu estava no caminho certo” pontuou a pinheirense.

A pesquisadora que diz ter nascido para fazer Química destaca que todos devem valorizar e dar a devida importância à ciência. Assim como o retardante de chamas poderá evitar acidentes mais graves em incêndios, diversos outros produtos e soluções que vemos no dia-a-dia são resultados desses estudos.

Ao final da entrevista, Camila deixou uma mensagem de inspiração aos leitores.

“Todo o aprendizado foi adquirindo ao longo do caminho e da pesquisa científica, com as oportunidades aparecendo e tornando possível colocar as ideias em prática. Então, todos devem acreditar nas suas paixões e lutar por suas carreiras. Isso é o que me move”.