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“Tenho pesadelo, ataque de pânico”, diz professor que ficou preso 4 dias por erro judicial em João Pinheiro

Pedro Henrique relatou à nossa reportagem que está afastado de suas atribuições profissionais para realizar acompanhamento psiquiátrico

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A prisão equivocada do professor universitário Pedro Henrique Borges, realizada na última quinta-feira (21), vem ganhando repercussão nacional em razão do tamanho do erro cometido pela justiça. Nesta quarta-feira (27), Pedro concedeu entrevista ao JP Agora e falou sobre o episódio que, segundo ele, marcou sua vida para sempre. Confira, a seguir, os trechos mais relevantes da conversa.

Conforme já noticiado pelo JP Agora, Pedro teve seus dados utilizados de forma fraudulenta por um criminoso do estado de Goiás. Até então, o professor universitário havia sofrido apenas com restrições de crédito em razão de dívidas contraídas pelo criminoso em seu nome, situação esta que mudou completamente na quinta-feira (21) quando ele foi preso por engano por um mandado de prisão expedido pela Justiça de Goiás. É que o criminoso em questão responde por tráfico no estado do Goiás e ainda utiliza o nome do professor.

O caso ganha ainda mais amplitude pelo fato de o criminoso já ter sido preso e, mesmo assim, o mandado de prisão equivocado continuou em aberto. Questionamos Pedro sobre o momento em que foi abordado pela Polícia Militar e ele, então, explicou que o problema iniciou-se a partir do momento em que os militares não se identificaram como polícia.

“Eu fui abordado chegando na faculdade para bater meu ponto. Cumprimentei o porteiro, tinham alguns alunos meus na porta. Dois policiais à paisana me abordaram, perguntaram meus dados pessoais, nome, CPF, mostraram uma foto de um documento, e aí depois que eu confirmei, ainda assim eles não se apresentaram como policiais, só falaram para ir com eles para fora pois eu estava envolvido com tráfico de drogas. Aí eles foram meio que me conduzindo para fora, me puxando para fora, só que de primeiro momento pensei que pudesse ser um sequestro, que estavam me confundindo com alguém e ia fazer alguma coisa comigo, imaginei tudo de ruim. Não reagi, não machuquei ninguém, mas tentei ficar dentro da faculdade para ficar mais protegido ali dentro”, disse Pedro à reportagem do JP Agora.

Foi então que ao ver uma viatura caracterizada e policiais fardados que Pedro ficou mais tranquilo e foi cientificado do que estava ocorrendo. “Passou um filme na minha cabeça nessa hora, pensei que iria morrer, me confundiram aqui e vou morrer. A polícia fardada chegou, me algemaram, e falaram que eu estava com mandado de prisão. Então para mim o primeiro erro foi a abordagem.”

Pânico e incerteza que se espalhou para a família

Pedro saiu algemado e dentro do camburão da porta do local onde trabalhava, sob olhares de medo de colegas de profissão e alunos. De lá, foi levado ao quartel, onde, via ligação, comunicou sua esposa acerca do ocorrido. A mulher, com quem o professor tem família, ficou desesperada.

“Liguei para minha esposa, falei para ela ficar tranquila, que era apenas uma prestação de contas. Como foi na quinta-feira, falei para ela que talvez conseguiria falar com ela novamente na sexta ou na segunda, mas aí acionei meus amigos em João Pinheiro. Minha esposa passou mal, ficou bem impactada com a notícia e eu não tive muito tempo para explicar para ela, a gente tinha que ir para a delegacia”, disse.

O professor comenta que, quando chegou na Delegacia de Paracatu, o erro já havia sido comunicado à autoridade policial, mas, mesmo assim, foi levado ao Presídio. A existência dos boletins de ocorrência que retratam o uso indevido de seus dados não foi suficiente para evitar o pior, aponta.

Questionado sobre sua ida ao presídio, Pedro relatou que jamais irá se esquecer deste episódio de sua vida. O professor universitário relembrou do esforço que teve que desempenhar para alcançar o doutorado, o que lhe garante prestígio no meio universitário, em contrapartida com o que ganhou nestes últimos dias em razão de um erro da justiça.

“Eu tenho uma carreira, eu estudei muito, conseguir um emprego, trabalhar em faculdade não é fácil, não é sempre que tem vaga. E você construir uma carreira assim, até chegar no doutorado, são mais de 11 anos estudando ensino superior para dar aula e aí você ser interrompido por isso de um erro judicial, de uma falha de comunicação. Sujou meu nome mesmo, agora tenho até INFOPEN, tirou foto com a plaquinha, condição bem insalubre”, destacou Pedro.

O professor finalizou a entrevista ressaltando que tudo o que quer, agora, é se recuperar psicologicamente do ocorrido e seguir sua vida. Antes, terá de provar sua inocência e, até isso acontecer, terá que lidar com pesadelos e crises de ansiedade, temendo o que ainda pode lhe ocorrer.

“Daqui em diante é tentar limpar meu nome, provar tudo certinho, limpar minha ficha, comprovar minha inocência. A noite eu interrompo muito o sono com pesadelo, ataque de pânico, medo de ser confundido. Eu fui confundido por policiais, mas que crime esse cara cometeu que pode ter prejudicado o meu nome? Não tenho nem noção da dimensão disso”, finalizou.

O JP Agora seguirá acompanhando o caso de Pedro Henrique de perto. Sua prisão revela a importância do sistema de justiça do país na condução da vida do cidadão. O professor foi solto e está respondendo em liberdade e mesmo com toda essa confusão, ainda terá que provar sua inocencia perante a justiça. Entramos em contato com a assessoria de comunicação do Estado de Goiás, mas até o momento não obtivemos resposta.

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Justiça é meu ovo
30 dias atrás

Justiça é meu ovo, com esse desgoverno, coitado do almoço aí , quero ver a desculpa da dona justiça, aí por isso vivo minha justiça, dendê por dende. Nunca mais será o mesmo pode ter certeza

Kkk
29 dias atrás
Resposta para  Justiça é meu ovo

Aprende a escrever kkk

.
30 dias atrás

Ferro neles

Adolfo Maia das Floresb
30 dias atrás

Nada melhor que um pelo processo contra o estado, quem for o responsável que fez essa barbaridade com você meu chapa. Não fique calado.
Quando erramos a multa é pesada sobre nós sem falar nos impostos.
Que Deus te dê força!

Radialista
30 dias atrás

Inocente ele não é pq é usuário sim estudei com ele , mas fora isso para de pagar de coitado

Devia era agradecer
29 dias atrás

Ganhou um corte de cabelo, alimentação, além de companhia para não dormir sozinho.

Viu o sol nascer quadrado e ainda usou as pulseiras de prata. As famosas “as gêmeas”.

Acho que no fundo, bem lá no fundo mesmo, o menino de vó ficou foi todo impactado…. já está é com saudades…