O preço do café escalou 58% em 12 meses, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A colheita da atual safra está quase no fim e, com números abaixo do esperado, ela não deve representar alívio nos preços no curto prazo, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O produto que o consumidor encontra hoje nas prateleiras é do estoque que deve durar até o final de junho de 2023, por isso não há margem para diminuição significativa dos valores pelo menos até lá.
O alívio pode surgir depois disso, caso as chuvas nas regiões produtoras esteja dentro do esperado nos próximos três meses. “O café é uma commodity que depende da natureza e as chuvas, neste momento, são o fiel da balança. As chuvas definirão a safra de 2023 e 2024. Elas foram pontuais nas regiões produtoras nos últimos 15 dias. Uma chuva mínima e a grande maioria das lavouras não a recebeu, o que traz estresse ao mercado. Mas há previsão de chuva para outubro e novembro, o que trará mais tranquilidade”, avalia o presidente da Abic, Pavel Cardoso.
Na última semana, a Cooperativa Central de Cafeicultores e Agropecuaristas de Minas Gerais (Coccamig), que reúne 16 produtores do Estado, anunciou que a safra de 2022 está 16% menor que a de 2021, que já foi um ano considerado ruim, e 53% menor do que a de 2020, quando a produção foi melhor. Nesse cenário, a analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) Ana Carolina Gomes pondera que há margem para os preços continuarem a subir.
“Faltar, não falta, porque o Brasil é o maior produtor e exportador de café e ainda conseguimos honrar os compromissos. Mas tudo será mais enxuto. Isso acaba impactando toda a cadeia produtiva e o preço. Os custos dos produtores estão aumentando e ameaçam a sobrevivência dele no campo”, conclui.