A reunião ordinária da Câmara Municipal de João Pinheiro ocorrida na noite da última segunda-feira (07) foi marcada pela presença de pais e professores que cobraram sobre um assunto que parecia já ter sido resolvido meses atrás: a alimentação de pombos em praças públicas. A questão, bastante polêmica, já foi proibida por lei no município, mas algumas pessoas insistem em continuar dando milho e ração para as aves, que podem ser responsáveis por doenças perigosíssimas.
O assunto começou a se tornar polêmico em fevereiro, quando o JP Agora recebeu as primeiras reclamações de comerciantes e pais de alunos da Escola Estadual Presidente Olegário a respeito da atitude do relojoeiro Paulo, que alimentava os pombos da praça todos os dias. Um mês depois, a reportagem do site ouviu Paulo, oportunidade em que o pinheirense demonstrou o amor que sente pelas aves e demais animais que cuida na praça pública, assim como esbravejou contra àqueles que o criticavam.
“Agora me diz, eles não são vetores de doenças também? Eles não transmitem doenças para nós também? Podem transmitir a lepra, AIDS, hepatite, hanseníase, a gripe, muitas doenças contagiosas, eles não podem transmitir para nós? Será que eles ‘vai’ querer se sacrificar quando pegar essas doenças? O que eu faço pelos bichinhos é por amor a eles e a Deus. O que essas pessoas faz é por ódio aos bichinhos e a mim. Quem faz por amor está servindo a quem? E quem faz por ódio serve a quem? Certamente não é ao meu Deus” disse Paulo, à época da entrevista, ao repórter do JP Agora.
Projeto de lei aprovado ainda em março
Diante da magnitude que o caso tomou, o vereador Cabo Vieira resolveu apresentar um projeto de lei para proibir a alimentação de pombos nas vias e praças públicas da cidade de João Pinheiro, que se pautava, principalmente, no risco que os pombos trazem à saúde humana. Antes de ser aprovado, o relojoeiro Paulo foi à tribuna da Câmara Municipal discursar contra o projeto alegando que cuida das aves e discordando que elas oferecem riscos à saúde.
Já em abril, finalizados os trâmites legais após a aprovação do projeto de lei, o texto seguiu para sanção do prefeito Edmar Xavier. Contudo, o que era para ser um mero ato para que a lei entrasse em vigor acabou se tornando mais um capítulo da novela: de abril a outubro não se falou mais neste assunto nem na Câmara e nem no executivo pinheirense.
Foi então que, no dia 18 de outubro, o JP Agora expôs que o projeto de lei em questão foi sancionado de forma tácita depois que o prefeito deixou de sancioná-lo no prazo regimental. Depois desta reportagem, o assunto voltou à tona.
Relojoeiro continua alimentando os pombos normalmente
Passados oito meses da aprovação da lei na Câmara Municipal, nenhuma intervenção foi feita no intuito de coibir a alimentação dos pombos nas praças e vias públicas. Prova disto é a rotina do relojoeiro Paulo, que, apesar das intensas manifestações contrárias a ele nas redes sociais, continua alimentando as aves normalmente tanto na praça em frente ao Banco do Brasil quanto em frente à Igreja Matriz de Santana.
Infelizmente, sua atitude está sendo copiada por outros pinheirenses que também insistem em fechar os olhos para os riscos que os pombos trazem para a população. É o que aponta denúncias recebidas pelo JP Agora nas últimas semanas. Pensando nisso, pais de alunos da E. E. Presidente Olegário e professores da rede pública voltaram à Câmara Municipal nesta segunda-feira para cobrar ações efetivas para o cumprimento da lei.
Roberto Gonçalves é professor e esteve presente na reunião. Ao lado de Karen Cássia, os dois relembraram os edis da casa sobre os riscos que as aves apresentam para a saúde pública, o que motiva a urgência para que a fiscalização se inicie rapidamente.
“Eu admiro muito a natureza, mas eu acho que o ser humano precisa ter uma pluralidade sabe, a gente tem que encontrar um meio termo, um senso que não prejudique os animais e a população. As doenças que o pombo transmite são várias e são graves” disse Roberto à reportagem do site.
“É praticamente impossível caminhar na praça durante o dia e sabemos qual é o principal foco dessa manifestação, que é conscientizar a população para que parem de alimentar os pombos e é indispensável que o executivo contrate uma empresa para fazer a limpeza, dedetização e o manejo desses pássaros” ressaltou Karen.
O JP Agora também ouviu o empresário Cosme Henrique Silva Souto, empresário de 45 anos que tem uma empresa especializada em dedetização. Ele esteve presente para se colocar à disposição do município para o controle e manejo dos pombos.
“O pombo traz várias doenças respiratórias, causa bactérias ao extremo, piolhos e quem faz a alimentação desses pombos tem que ser punidos porque essa população dos pombos está crescendo cada dia mais. Você chega no Centro da cidade está uma coisa absurda, não consegue fazer um lanche, passear com seu filho, a porta da escola está repleta de pombo, fezes, penas, aquilo ali causa problemas demais. Limpamos o telhado da Câmara e se eu contar para você, você fica até enojado. Então, bem resumido, é uma coisa fora do comum. Fezes, penas, ovos, animais mortos, muito mal cheiro, é uma coisa que é melhor nem comentar demais. E existem formas e maneiras de resolver isso, temos produtos próprios para isso, atividades de captura e soltura em zonas rurais, vai depender muito do que o poder público vai fornecer para que possamos atuar. Minha empresa está apta para poder fazer esse tipo de serviço e eu só quero ajudar a população pinheirense antes que um de nossos filhos sofram com esse mal” ressaltou Cosme.
Providências adotadas antes da reunião
Por fim, o JP Agora soube, através do próprio vereador Cabo Vieira, que ele se reuniu com a equipe de vigilância ambiental do município de João Pinheiro na última segunda-feira (07) para tratar sobre o assunto, principalmente sobre como se dará a fiscalização. A reunião, realizada no gabinete do vereador, foi “produtiva e a equipe de vigilância se comprometeu a procurar a parte jurídica do município para acertar os últimos detalhes com relação a como se dará a notificação aos infratores”, segundo Cabo Vieira.
O JP Agora seguirá acompanhando de perto o caso, considerado pelo site como importantíssimo por envolver a saúde do povo pinheirense, principalmente as crianças da E. E. Presidente Olegário.